domingo, 16 de janeiro de 2011

O maior evento de BH

JORNAL O TEMPO

ALAN VINICIUS
Coordenador da Associação de Expositores           Publicado no Jornal OTEMPO em 14/01/2011
 
 
A hipocrisia dos atuais "dirigentes" da Prefeitura de Belo horizonte, digo o secretário Josué Valadão e o próprio prefeito Marcio Lacerda, chegou ao extremo. Não há um mínimo de coerência por parte desses senhores em relação aos costumes da cidade.

Perguntamos: será que realmente moram em Belo Horizonte? Se não, vejamos: tentaram acabar com as mesas e cadeiras dos bares da cidade, mas voltaram atrás; tentaram acabar com o FIT em 2010, mas voltaram atrás; mentiram em relação ao incentivo as escolas e blocos de samba (concretamente, não incentivam o Carnaval); tentaram acabar com os eventos na praça da Estação, mas voltaram atrás para privilegiar uma grande emissora de televisão no fim do ano; desmobilizaram a Arena da Cultura, enfraquecendo a Fundação Municipal da Cultura. O maior evento nacional da música, em 2010, elaborado pelo Ministério da Cultura, só obteve êxito pelo empenho de seus produtores, pois o apoio da prefeitura foi ínfimo.

Somos 2.336 expositores, atraímos mais de 80 mil pessoas todos os domingos (dias normais da feira; em datas festivas, são mais de 120 mil compradores), sendo cerca de 6 mil pessoas de fora de Belo Horizonte. Abastecemos as milhares de lojas de artesanato espalhadas pelo Brasil e por todo o mundo com as vendas por atacado. Geramos 11 mil empregos diretos e mais de 25 mil indiretos.

Somos a maior feira a céu aberto da América Latina. Ademais, a feira está se modernizando e se formalizando - os expositores, além de formarem núcleos de produção familiar, hoje, já buscam abrir empresas, legalizando sua atividade conforme a legislação.

Arrecadamos mais de R$ 50 mil, mensalmente, em taxas e vamos passar a pagar, no ano de 2011, cerca de R$ 150 mil mensais, com o aumento proposto pela prefeitura.

Imagine o leitor: se fosse o administrador da cidade, o que faria? Potencializaria a feira, fazendo publicidade, proporia cursos de qualificação em parceria com o Sebrae ou tentaria fazer o que eles estão fazendo?

Em suma, o processo seletivo não se faz necessário, pois ele é mais um mecanismo da prefeitura para desqualificar a feira. Os critérios de seleção não são justos, pois privilegiam padrões socioeconômicos e não a qualidade dos produtos e os dotes artísticos do expositor. Um exemplo disso é que fica fácil uma pessoa com menor poder aquisitivo vencer esse processo do que um artista que já possui alguns bens, como casa própria e carro.

Acredito que o foco da questão seja político e, por isso, está sendo feito dessa forma.

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