terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

JORNAL O TEMPO

Prefeitura não cede à pressão
Parlamentares irão acompanhar análise das fichas dos 10 mil concorrentes
GABRIELA SALES                                          Publicado no Jornal OTEMPO em 15/02/2011
A Prefeitura de Belo Horizonte não cedeu à pressão e anunciou que o edital para escolha dos expositores da Feira de Arte e Artesanato da Afonso Pena (Feira Hippie) não irá mudar. Após uma reunião com uma comissão formada por deputados estaduais, o prefeito Marcio Lacerda anunciou que o processo irá continuar conforme o previsto. A fase de inscrição dos concorrentes terminou ontem com 10.261 candidatos. Desses, apenas 2.292 serão escolhidos para ocupar as barracas.

A única mudança aceita pelo prefeito é que inclui a participação de uma comissão formada por cinco vereadores e cinco deputados estaduais na análise do perfil dos feirantes e dos produtos expostos. "Não conseguimos a modificação, mas iremos acompanhar todo o processo de escolha dos expositores para que injustiças não sejam cometidas", disse o deputado estadual Rogério Correia (PT).

Ontem, após uma reunião tensa com Marcio Lacerda, alguns parlamentares criticaram a decisão da prefeitura de não atender às queixas dos feirantes. Grande parte dos expositores reclama dos critérios adotados pela administração para ceder os espaços. "A prefeitura está cometendo um grande erro", disse o deputado estadual Carlin Moura (PC do B).

Um dos critérios que mais têm causado críticas dos expositores é o que trata da situação socioeco-nômica do candidato. Quanto menor for a quantidade de bens, maior será a pontuação do produtor.

O deputado estadual Délio Malheiros (PV) criticou também os pontos que tratam da escolaridade, casa própria e se o feirante tem carro. Segundo o parlamentar, a diferenciação é um desestímulo para que as pessoas busquem melhorias no padrão de vida. "O edital expõe a vida dos candidatos. Fere a dignidade humana".

De acordo com o presidente da Associação dos Expositores da Feira de Arte e Artesanato da Afonso Pena (Asseap) Alan Vinícius, o edital exclui feirantes que evoluíram financeiramente. "Foram anos de trabalho. Agora, somos colocados em desvantagem por termos casa própria ou um lugar para a produção".
Último dia
Artesãos reclamam de falha no sistema
Após ver negados pela Justiça dois pedidos de cancelamento da licitação para a seleção de expositores, artesãos enfrentaram uma verdadeira corrida contra o tempo para garantir a matrícula na licitação. Até ontem – último dia de inscrições –, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) registrava 10.261 inscritos. Dos atuais 2.300 expositores da Feira Hippie, 1.968 preencheram o questionário.

Muitos dos candidatos se mostravam preocupados com a exposição de dados pessoais na internet. Segundo eles, é possível visualizar o cadastro dos participantes por meio do número de inscrição. "Escrevi uma numeração aleatória e pude ver todos os dados de uma concorrente. O site não oferece segurança", reclamou a candidata Sônia de Almeida, 58.

Para o presidente da Associação dos Expositores da Feira de Artesanato e Variedades da Afonso Pena (Asseap), Alan Vinícius, o sistema apresenta falhas que prejudicam a confiabilidade da seleção. "Vamos acionar a Justiça para avaliar o que pode ser feito", informou.

A assessoria da PBH garante que os dados dos candidatos estão preservados e que as informações disponíveis não colocam em risco a seleção. (GS)
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